Os 200 anos da Restauração da Companhia de Jesus

07/08/2014

07 de agosto de 2014:

os 200 anos da Restauração da Companhia de Jesus

 

 Quem vê a carismática figura do Papa Francisco não imagina que a Companhia de Jesus foi fundada por um jovem militar que, após ser ferido por uma bala de canhão numa batalha, renunciou ao mundo e dedicou sua vida à Igreja.

Os seguidores de Inácio de Loyola, conhecidos como “soldados de Cristo”, difundiram a fé católica numa época em que os conflitos religiosos já assombravam o mundo. Os jesuítas eram enviados em missão para países protestantes, onde eram perseguidos como “terroristas”.

Isso acontecia porque seus métodos de evangelização se diferenciavam do modo tradicional da Igreja. Enquanto diversas ordens se mantinham em uma vida contemplativa nos mosteiros, os jesuítas se faziam presentes no meio do povo em ações concretas que conquistavam cada vez mais seguidores.

O fato de desenvolverem uma catequese não ortodoxa, adaptando-se aos rituais e costumes de cada povo, encontrava oponentes até mesmo dentro da Igreja Católica. O sentimento antijesuíta crescia a ponto de serem acusados de heresia.

Conflitos decisivos aconteceram em Portugal e suas colônias. Ao proteger os índios da escravização, os jesuítas foram acusados, pelo Marquês de Pombal, de conspiração contra a Coroa Portuguesa. Alguns jesuítas foram presos e outros torturados, até serem definitivamente expulsos dos territórios portugueses em 1759.

A medida extrema tomada pelo Marquês de Pombal foi repetida pelos governos da França e da Espanha, respectivamente em 1764 e 1767. Uma questão no mínimo irônica, já que a Companhia de Jesus nasceu do ideal de um espanhol que encontrou terreno propício enquanto estudava na Universidade de Paris.

A perseguição terminou em 1773, quando o Papa Clemente XIV publicou, aos 21 de julho, o documento Dominus ac Redemptor, que extirpava definitivamente a Companhia de Jesus do seio da Igreja Católica. Com a supressão da Ordem, mais de 700 centros de ensino foram fechados em todo o mundo.

A esperança veio de onde menos se esperava. Países de tradição ortodoxa reconheciam o importante papel dos jesuítas na educação e mantiveram a Ordem protegida em seus territórios. Com a manutenção da Companhia em território russo, abriu-se precedente para que, aos poucos, os trabalhos dos missionários fossem restituídos.

Somente em 7 de agosto de 1814, o Papa Pio VII restaurou a Ordem através do documento Sollicitudo Omnium Ecclesiarum.

Quase 200 anos após a sua restauração, a Companhia de Jesus chega ao papado. A eleição de Jorge Maria Bergoglio, o Papa Francisco, inicia uma nova era para a Igreja Católica, marcada pela humildade e maior proximidade dos seus fiéis - assim como já faziam Inácio de Loyola e seus primeiros companheiros nos primórdios daquela que ainda se mantém como a maior ordem da Igreja Católica.

 

(Por João Taero)

 

 

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