18/06/2016
Recentemente, o estupro coletivo ocorrido no Rio de Janeiro contra uma adolescente de 16 anos, levantou novamente a discussão sobre a violência contra a mulher. O assunto, amplamente discutido nas redes sociais, teve repercussão nacional e chegou à sala de aula.
O projeto educativo da Companhia de Jesus destaca que “o desafio de articular fé e justiça nos leva a considerar, no espaço escolar, [...] grupos que sofrem discriminação, violência e injustiça” –, destacando, inclusive, questões relacionadas a gênero.
A grande repercussão entre os alunos sensibilizou ainda mais a professora Língua Portuguesa, Lourdes Bernadete Costa, e o tema virou assunto de aula. Segundo Lourdes, os alunos do segundo ano do ensino concomitante produzem diversas redações por bimestre sobre assuntos do cotidiano, desenvolvidas a partir de leitura e resumos de diversos escritores. E não poderiam fechar os olhos para um tema tão relevante.
As redações propostas aos alunos visam estimular a produção artigos de opinião envolvendo assuntos de destaque na sociedade. E nesta ocasião, uma redação em especial chamou a atenção da professora Lourdes. É o texto que publicamos a seguir, de autoria do aluno João Victor Alves Pinhotti:
Nome do crime: ser mulher
Mulher, portadora do sexo frágil, podendo ser atraente, usar roupas curtas e ter comportamento vulgar. Seus hábitos são apenas condutas ou, em devidas circunstâncias, justificativas ‘’racionais’’ para estupro? Na sexta feira do dia vinte de maio, uma garota foi vítima de estupro coletivo. Os homens envolvidos produziram um vídeo do ato e publicaram em uma rede social. Ainda há indivíduos, em pleno século XXI, crédulos de que a real culpada da situação foi a garota, por usar roupas curtas e se socializar com pessoas de sua comunidade envolvidas em outros delitos.
A mulher trajada de forma sensual incita o desejo masculino ou, na verdade, desperta uma psicose de que seu traje remete a ações desrespeitosas? Se for feita uma análise do quanto uma roupa curta influencia o assédio sexual, iríamos achar que durante a Idade Média não havia atos como esse, devido aos longos vestidos e espartilhos. Mas durante esse período, para o homem ser considerado ‘’honrado’’ ele não tinha que ter receio quando um estupro fosse ‘’necessário’’ já que era uma prática comum.
Canais de comunicação como televisão e internet ainda retratam a mulher como objeto para chamar a atenção quando apresentam produtos ou serviços; além de que, programas televisivos influenciam a violência, como ‘’Zorra Total’’ que possuía um quadro dedicado ao assédio sexual em um metrô. O polêmico programa, ‘’Pânico na Band’’, garante audiência usando a mulher em situações humilhantes e de inferioridade diante do sexo masculino.
É crescente o número de depoimentos de políticos pregando inferioridade do sexo feminino e a violência contra a mulher, como exemplo Jair Bolsonaro que disse que não estupraria uma deputada por ela não merecer, deixando claro que há mulheres que merecem. Estupro é um crime que consiste no constrangimento a relações sexuais por meio da violência. Como uma sociedade pôde eleger um homem que diz visar o bem maior à população e defende atos como o descrito anteriormente? Há, também, pessoas famosas influenciadoras de opinião, que defendem atos como esse, contando situações de estupro como corriqueiras e cômicas.
Obviamente, não é apenas no Brasil que nos deparamos com situações como essas. Em países como Índia, estupros coletivos são comuns. No Egito, houve um caso em que a mulher foi presa por ter se deixado estuprar.
Mas enquanto o governo, maioria masculina, e as pessoas fingem que nada acontece, 50 mil mulheres são estupradas anualmente no Brasil. É preciso uma ação incisiva nos veículos midiáticos, uma reforma educacional e o combate à impunidade, pois a vítima muitas vezes tem medo de denunciar seu(s) agressor(es) que, na maioria das vezes, está presente em seu cotidiano. Enquanto houver agressões verbais, medo de andar só durante a noite e ser atacada, se acanhar quanto ao uso de determinadas roupas devido às opiniões negativas e julgamento de sua personalidade, nunca haverá liberdade e respeito às mulheres.
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