22/04/2024
A educação transforma ou é a transformação que educa? Seguindo os passos de Santo Inácio de Loyola, a Rede Jesuíta de Educação Básica (RJE) tem como missão de fé, amor e serviço oferecer uma educação católica, em que o cuidado humano e a qualidade educacional são aliados. Anualmente, a RJE beneficia milhares de estudantes e famílias em situação de vulnerabilidade econômica por meio de suas ações sociais, como Bolsas de Estudo, Ensino Médio Noturno, Ensino Profissionalizante e Unidades Educativas 100% gratuitas.
A RJE mantém o trabalho social em suas 17 unidades educativas, em conformidade com a legislação vigente por meio da Lei Complementar nº 187 de 16 de dezembro de 2021, que dispõe sobre a certificação das entidades beneficentes e regula os procedimentos referentes à imunidade de contribuições à seguridade social de que trata o §7º do art. 195 da Constituição. Na área de educação, desenvolve o Programa de Inclusão Educacional e Acadêmica (Piea), oferecendo bolsas de estudo e benefícios complementares, para os níveis de educação básica, garantindo o acesso, permanência e a aprendizagem do aluno. Na área de assistência social, desenvolve serviços, programas e projetos nas categorias de atendimento, assessoramento, defesa e garantia de direitos. “Com base em valores éticos e cristãos, a Companhia de Jesus implantou, em 2009, o Piea, voltado a atender alunos com bolsas de estudo integral e todos os apoios necessários para que essas crianças e esses adolescentes tenham a oportunidade de receber uma educação de qualidade que faça a diferença em suas vidas, família e comunidade em geral. Nosso objetivo é desenvolver cidadãos para o mundo”, explicam Leila Pizzato e Tatiane Almeida Silva de Sant’Ana, coordenadoras de Assistência Social da Província dos Jesuítas do Brasil. Os alunos com bolsas de estudos nas quatro escolas totalmente gratuitas da RJE somam 1.521. Considerando todas as unidades educativas da Rede, são 4.321 estudantes na educação básica com bolsas de estudo.
“Além dos inúmeros projetos sociais vivenciados em cada um dos Colégios, a RJE atende um conjunto de unidades totalmente gratuitas. Comprometermo-nos, como Rede, junto a essas realidades, todas elas em situação de extrema vulnerabilidade social, significa garantir ambientes de aprendizagem que façam as crianças, adolescentes e jovens produzirem ferramentas que os ajudem a superar realidades de exclusão, violência, pobreza e extrema desigualdade social, refletindo em melhores caminhos para colaborar na criação de relações justas e fraternas, consigo, com o outro e com a criação. Agradeço às milhares de famílias que confiam a Educação de seus filhos à Companhia de Jesus e que compreendem o sentido de um verdadeiro currículo evangelizador. Agradeço aos inúmeros educadores, docentes e não docentes, que vestem a camisa desse projeto educativo. Agradeço aos inúmeros benfeitores, antigos alunos, amigos e amigas da Companhia de Jesus que nos ajudam na formação dessas milhares de crianças em situação de vulnerabilidade e pobreza extrema. Juntos, edificamos um futuro mais esperançoso”, ressaltou o diretor da RJE, professor Fernando Guidini.
Abaixo, saiba mais sobre o trabalho social realizado pela RJE:
Bolsas de Estudos
Conforme a legislação, são oferecidas prioritariamente bolsas de estudo com 100% de gratuidade e algumas de 50%. Além disso, a RJE disponibiliza benefícios complementares, como material didático, uniforme escolar, alimentação, transporte, atividades extracurriculares e extraclasses, a depender da necessidade do aluno e da família que são acompanhados pedagogicamente e socialmente pela instituição.
Leila e Tatiane destacam que a RJE também concede bolsas de estudos nos colégios, porém a ênfase na destinação é para as unidades educativas 100% gratuitas. Um exemplo é a Escola Técnica de Eletrônica Francisco Moreira da Costa (ETE FMC), de Santa Rita do Sapucaí (MG). Fundada por Luzia Rennó Moreira, conhecida por Dona Sinhá Moreira, a instituição iniciou as suas atividades educacionais em março de 1959, sendo a primeira escola de eletrônica de nível médio da América Latina.
Jéssica Adriele Tomaz Pereira, assistente social da ETE FMC, lembra que a Escola foi um divisor de águas na realidade da cidade, pois trouxe novas perspectivas de formação e a possibilidade da criação de empresas na área de eletrônica e tecnologia. “A cidade possui inúmeras empresas atuantes nestas áreas em que muitos de seus donos ou pessoas em cargos de chefia passaram por esta renomada Escola. Sem contar nas diversas empresas de outras cidades e estados que têm na instituição uma referência de local de formação de excelência, com profissionais que se destacam”, conta.
Atualmente, cerca de 260 estudantes são atendidos com bolsas de estudo integral. As bolsas estão distribuídas nas modalidades de Ensino Médio Concomitante (Diurno), nos cursos técnicos em Eletrônica, Telecomunicações, Equipamentos Biomédicos e Desenvolvimento de Sistemas; e de Ensino Técnico Subsequente (Noturno), nos cursos técnicos em Eletrônica, Telecomunicações e Sistemas de Energia Renovável. “Os estudantes e seus familiares que procuram a ETE enxergam na formação a possibilidade de mudar a realidade socioeconômica familiar. O potencial de transformação de vidas e realidades por meio da ETE é enorme: sempre que atendo as famílias, escuto relatos de integrantes, ex-alunos, afirmando que a formação foi primordial para que conquistassem uma boa colocação no mercado de trabalho, e no quanto isso impacta a melhoria de qualidade de vida do grupo familiar como um todo”, destaca Jéssica.
O setor de Serviço Social atua, além do processo de concessão de bolsas de estudo, no acompanhamento dos estudantes e famílias que apresentam um maior comprometimento financeiro. Por isso, a equipe busca soluções para minimizar os impactos no desempenho escolar por meio do projeto Bolsa Alimentação, da aquisição de uniformes e do empréstimo de ferramentas para a utilização nas disciplinas técnicas, entre outras iniciativas. “Ou seja, para além de garantirmos condições de ingresso aos que não podem pagar, também buscamos garantir que estes tenham condições de permanecer e concluir suas trajetórias acadêmicas na Escola. Acreditamos que com a concessão das bolsas, o apoio, o acompanhamento e a formação de qualidade são fatores que terão um imenso potencial de transformação de realidade na vida dos estudantes e seus familiares”, complementa.
Unidades educativas 100% gratuitas
Das 17 unidades educativas da RJE, quatro são escolas de atendimento 100% gratuito, ou seja, não possuem qualquer modalidade de pagamento ou contraprestação de serviço associada:
Escola Nhá Chica
Inaugurada em 2003, a Escola Nhá Chica está localizada no bairro Maracanã, em Montes Claros (MG), e oferece Educação Infantil para crianças dos quatro aos seis anos de idade. Nos últimos anos, o Centro de Educação Infantil Nhá Chica foi integrado à RJE, recebendo seu nome atual. A diretora da escola, Leila Xavier Amorim, explica que, conforme a legislação vigente, as famílias dos alunos matriculados devem apresentar perfil socioeconômico de até 1,5 salário per capita, mas que os dados levantados apresentam que a maioria possui rendimento de até 0,5 salário per capita.
“Nesse sentido, o atendimento da escola busca proporcionar impacto positivo educacional e social aos alunos e suas famílias, e, consequentemente, à comunidade local. Garantimos qualidade dos serviços prestados, estrutura física adequada, profissionais de excelência, alimentação, uniforme e material didático aos alunos. Esse é um diferencial da instituição, pensar na educação para além do ensino regular individual ao aluno, mas buscando proporcionar condições de melhor qualidade de vida para a família, e esse é o principal ponto reconhecido e aprovado pela comunidade local”, destaca. Para o ano letivo de 2024, são 165 crianças matriculadas.
Escola Padre Arrupe
Em 1989, após a sensibilização dos jesuítas com a situação das famílias da Favela da Prainha, em Teresina (PI), foi inaugurado o Centro Social Pedro Arrupe. Após 13 anos, a falta de estrutura impossibilitou a continuidade das ações na localidade, e uma nova escola foi projetada no Residencial Mestre Dezinho, no bairro Portal da Alegria. Em 2003, por iniciativa do Pe. Andrade José da Silva, SJ, foi fundada a então Escola Materno Infantil Padre Pedro Arrupe (EMIPA), em homenagem ao Superior Geral da Companhia de Jesus, Pe. Pedro Arrupe (1907 – 1991), para atender 400 crianças de dois a cinco anos de idade.
Em 2015, a Escola passou a ofertar turmas do 1º ano do Ensino Fundamental e, deste modo, realizou a mudança de nome, passando a se chamar Escola Padre Arrupe. Atualmente, são cerca de 512 alunos atendidos, divididos entre a Educação Infantil I até o 5º ano do Ensino Fundamental. Nutricionista da Escola e mãe de aluno, Naiana Mara conta que a experiência do filho relacionada à educação recebida diariamente é diferente de outras escolas, com o enfoque na humanização e o cuidado para com os alunos, que reflete no modo como os mesmos são inseridos diariamente nas atividades de aprendizado.
Naiana reside nas proximidades da instituição e, ao fazer parte da comunidade educativa e social, percebe a diferença causada dentro da estrutura do bairro. O apoio educacional, social, afetivo e no fornecimento de mantimentos básicos, como a alimentação, favorece anualmente centenas de famílias da região que não tinham esperança.
Escola Santo Afonso Rodriguez (Esar)
A Escola Santo Afonso Rodriguez (Esar), localizada no bairro Socopo, zona leste de Teresina (PI), teve sua construção iniciada em 1963, com a chegada dos jesuítas. Em 29 de março de 1965, iniciaram as primeiras aulas. Nos primeiros anos, funcionou como Escola Agrícola, pois o bairro ainda era uma zona rural. Com a mudança do perfil da localidade e de seus habitantes, a escola foi se adequando à nova realidade. Atualmente, são cerca de 720 alunos matriculados, desde o 1º ano do Ensino Fundamental até a 3ª série do Ensino Médio. “A nossa atuação neste rincão do país nos faz ter a certeza de cumprir com o princípio inaciano de ir aonde ninguém quer ir e atender àqueles que ninguém quer atender, pois a realidade da comunidade na qual os nossos estudantes estão inseridos é de grande vulnerabilidade, com famílias de baixa renda. Ao longo dos 58 anos de atuação, já servimos de suporte para a formação de bons cidadãos da nossa cidade. Muitos destes retornaram, após a sua formação acadêmica, para colaborar conosco na missão da Esar, doando-se por estes que mais necessitam, como é o caso da enfermeira da Escola, professoras e colaboradores do setor administrativo”, afirma o diretor acadêmico, José de Jesus da Silva.
Centro Educativo Padre Agostinho Castejón (Cepac)
A ação dos padres jesuítas na comunidade Santa Marta, no Rio de Janeiro (RJ), no início da década de 80, se dava por meio das feiras de solidariedade organizadas pelo Colégio Santo Inácio. A arrecadação mantinha duas creches, a Unidade de Atendimento ao Pré-Escolar Anchieta (Unape) e a Casa Santa Marta. O Pe. Agostinho Castejón, SJ, morava na comunidade e participava ativamente da luta pela garantia de direitos básicos. Em 2014, a escola começa a ser mantida integralmente pela Companhia de Jesus, deixando de se chamar Unape e passando a ser Centro Educativo Padre Agostinho Castejón (Cepac), em reconhecimento ao trabalho desenvolvido pelo padre na comunidade.
Atualmente, são atendidas 144 crianças, na faixa etárias dos dois aos cinco anos e 11 meses, em horário integral - das 8h às 16h30. “O trabalho pedagógico em comunidades com situações cotidianas de vulnerabilidade e risco social tem revelado à unidade educativa cada vez mais a importância desta compreensão da educação integral, da qual não podemos desvincular a necessidade do trabalho articulado entre escola, família e comunidade. Neste ano em que o Cepac celebra os seus dez anos, refletimos sobre nossa trajetória e olhamos para o futuro com muito bom ânimo, empreendendo os esforços necessários para que a missão a nós confiada, enquanto unidade da Rede Jesuíta de Educação, seja alcançada com êxito. O caráter educativo da escola tem seu produto maior e melhor na sociedade, isso também é fruto de uma educação integral”, enfatiza a diretora-geral da instituição, Ana Tobias.
Ensino Médio Noturno
O Ensino Médio Noturno do Colégio Antônio Vieira, de Salvador (BA), oferece bolsas para o turno com desconto 100% integral, para jovens cuja renda familiar, por pessoa, não exceda o valor de um salário mínimo e meio, entre outros pré-requisitos. As inscrições são abertas geralmente no mês de outubro para o ano letivo seguinte. Em 2024, são atendidos 129 alunos. A coordenadora do Ensino Médio Noturno, professora Eneida Santana, reforça que a formação integral do Colégio é pautada nas dimensões cognitiva, socioemocional e espiritual-religiosa. Com incentivo dos professores, feedbacks dos orientadores e momentos de espiritualidade, os estudantes sentem-se melhor preparados para a prova. “O aluno precisa estar bem no cognitivo, estar por dentro dos assuntos, mas também é importante olhar para o emocional, que precisa ser um aliado do cognitivo”, explica. Para ela, ver a evolução dos alunos ao longo dos anos mostra a capacidade que esses adolescentes e jovens têm de ingressar no Ensino Superior e realizar seus projetos de vida. “O Ensino Médio Noturno do Vieira é um trabalho de fortalecimento do sujeito e de possibilidade de realizações de sonhos”, afirma a professora.
Os estudantes são estimulados a estudar, por exemplo, as competências da redação (uma das provas mais temidas do Enem), ampliando seus repertórios com leituras, músicas e filmes. Apesar de se definir como da “área das exatas”, o aluno Igor Jamal considerou que teve um bom desempenho na redação, devido às experiências vivenciadas no Colégio, como debates em sala de aula e idas ao museu. “As atividades extracurriculares e o estímulo à leitura me ajudaram muito, porque pude enriquecer o meu vocabulário e meu repertório”, afirmou.
Com 80 anos completados em 2023, o Ensino Noturno do Colégio São Luís, de São Paulo (SP), teve início em 1929, quando o diretor da época, Ir. Olavo Pereira da Silva, SJ, aprovou a abertura da escola no período noturno para oferecer cursos a jovens que buscavam formação para ingressar no mercado de trabalho e não possuíam condições financeiras para subsidiar os custos. De Escolinha Noturna do Irmão Olavo Pereira da Silva, SJ, a instituição recebeu o nome de Escola Técnica de Comércio São Luís, em 1943, e oferecia cursos técnicos de Contabilidade, Redator-Auxiliar e Auxiliar de Laboratório de Análises Químicas.
Em 1976, a administração da Escola Técnica foi incorporada ao Colégio São Luís, mantendo-se um único nome, e o curso de Assistente de Administração passou a ser oferecido. Na década de 1980, o curso noturno passou por uma reformulação: o chamado 1º Grau (Ensino Fundamental) deixou de ser ofertado e foi substituído pelo 2º Grau (Ensino Médio regular). Já nos anos 2000, com a baixa procura pelos cursos técnicos, o CSL encerrou as atividades dessa modalidade de ensino e manteve somente o Ensino Médio Noturno.
Para 2024, são 350 estudantes matriculados. “A Comunidade Educativa do Colégio São Luís está muito feliz, pois continuamos a sustentar o projeto que nasceu em 1943 e que segue produzindo frutos. Os educadores docentes e não docentes que atuam no Ensino Médio Noturno, assim como toda a Comunidade Educativa do Colégio São Luís, estão criando diariamente um espaço capaz de acolher adolescentes e jovens e de fazer com que eles construam o seu Projeto de Vida, desenvolvendo os seus talentos e as suas capacidades para que possam transformar verdadeiramente a sua realidade pessoal e, também, o mundo”, avalia o diretor-geral do CSL, Pe. Edison de Lima, SJ.
Educação de Jovens e Adultos (EJA) e Ensino Profissionalizante
O Colégio Santo Inácio, do Rio de Janeiro (RJ), oferece o Ensino Médio EJA (Educação de Jovens e Adultos) e o Ensino Profissionalizante para 520 estudantes. O EJA é destinado a pessoas com idade mínima de 18 anos, em quatro fases semestrais, totalizando dois anos de formação. O horário é composto pelas disciplinas de Português, Literatura, Matemática, Artes, Educação Física, Biologia, Química, Física, Geografia, História, Sociologia, Ensino Religioso, Filosofia e Espanhol, com aulas que se iniciam às 18h e às 19h. Além das salas de aulas, são utilizados diversos espaços de aprendizagem, como laboratórios, quadras de esporte, biblioteca, entre outros.
O candidato que deseja ingressar em um dos Cursos Técnicos do Santo Inácio, deve ter concluído o Ensino Médio e participar do processo para seleção de novos alunos. As aulas acontecem de segunda a sexta-feira, das 19h às 22h. Atualmente, a instituição possui os cursos técnicos de Administração, Análises Clínicas, Enfermagem e Informática (Programação). "Com 55 anos de história, o curso Noturno do Colégio Santo Inácio é uma das obras sociais mais significativas da Companhia de Jesus no Rio de Janeiro. Nosso trabalho busca promover a justiça social por meio da educação, ressignificando a aprendizagem e levando nossos alunos a refletir sobre o melhor caminho e seus papéis na sociedade. Como colégio jesuíta, o nosso compromisso sempre é acolher o aluno em sua dignidade humana, colocando nossos espaços e recursos à disposição e oferecendo uma educação de excelência em busca da justiça e da equidade social”, avalia a coordenadora pedagógica do Noturno do Santo Inácio, Silvia Henriques.
A Escola Técnica de Eletrônica “Francisco Moreira da Costa” é mantida pela Associação Nóbrega de Educação e Assistência Social (ANEAS), instituição de direito privado sem fins lucrativos, filantrópica, de natureza educativa, cultural, assistencial e beneficente, certificada como Entidade Beneficente de Assistência Social (CEBAS), nas áreas de educação e assistência social.
Na área de educação, desenvolve o Programa de Inclusão Educacional e Acadêmica (PIEA), oferecendo bolsas de estudo e benefícios complementares, para os níveis de educação básica, garantindo o acesso, permanência e a aprendizagem.
Na área de assistência social desenvolve serviços, programas e projetos nas categorias de atendimento, assessoramento, defesa e garantia de direitos, de acordo com o Art. 3º da Lei Orgânica de Assistência Social.
A ANEAS atua em conformidade à legislação vigente por meio da Lei Complementar nº 187 de 16 de dezembro de 2021.